Friday, 4 December 2009
o coração é uma caixa. desbotada e gasta. encostada. com fragmentos de histórias mal contadas. de lembranças borradas e manchadas da água da chuva dos meus olhos. de restos de suspiros suprimidos. onde eu guardo meus amigos. os que vão comigo e os que ficam. coração de papelão. dobrado. colado. arranhado. que cabe nessa lua cheia sem fantasmas. o sangue é quente e corre na veia barulhenta ao lado da minha cama. a TV e seus programas repetidos. o ar parado do verão na cidade grande. amanhece cedo demais e o sol é quente demais. vida mesmo só depois do sol se pôr. e quando você me deixa sozinha eu não sei para onde ir. mas é momentâneo. eu sempre me acho. nas patas do gato. na casa vazia de gente e cheia de louça na pia. nas roupas. tirar a seca do varal. lavar a suja e estender. a areia do gato. o aspirador. as coisas no lugar. na noite que cai. e eu caio na rua. na casa dos amigos.
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